Vi estes dias no gabinete um vídeo de Vítor Gabriel e fiquei impressionada. Tratava da documentação de uma capela no seio de uma população rural e, apenas com música de fundo, esta parece contar-nos tudo. A pacatez da terra, a sua integração aparentemente neutra no quotidiano dos seus habitantes locais, a paz que parece emanar do seu interior, a simplicidade da forma em contraste com a multiplicidade de planos diferentes que transmite. Não retirando (de todo) o mérito ao arquitecto que a concebeu, Vítor Gabriel acrescenta-lhe um "ponto". Um ponto que me atrevo a classificar de "ponto final", pois a arquitectura vive para as pessoas mas nem sempre as pessoas a vivem. Vítor Gabriel documenta esse ponto final, a vivência da capela do seu meio ambiente. E dá-nos a percepção de que esta parece ser serena e perfeita.
Também o vídeo documentário do Teatro Azul de Manuel Graça Dias+Egas José Vieira+Gonçalo Dias é feito de forma sublime, iniciando com o que parece ser uma ida ao teatro para ver um concerto de Rodrigo Leão, a sua música de fundo a acompanhar o percurso interior ao edifício, e o culminar do concerto com o anfiteatro vazio. Gostei muito:
O que prevalece na nossa vida é a memória que temos das pessoas, lugares e etapas da nossa vida. E essa memória é trabalhada com a nossa percepção sobre as coisas.
Não deixem de espreitar o site e descobrir as percepções "gratuitas" que Vitor nos dá sobre algumas das obras arquitectónicas contemporâneas e histórias da nossa terra. Porque precisamos de VER a vida com melhores OLHOS***
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